Freud considera que
houve três grandes revoluções na forma como encaramos o ser humano. A primeira
revolução deu-se quando Copérnico, no século XVI, demonstrou que a Terra não
era o centro do universo, mas sim um dos planetas que girava à volta de uma
estrela, o Sol. A segunda revolução ocorreu quando Charles Darwin, no século
XIX, mostrou que os seres humanos não eram de uma espécie diferente dos outros animais,
mas uma espécie que evoluiu a partir de outras. A terceira, e não menos
importante, teria o próprio Freud como protagonista, ao afirmar que não é a
razão nem a consciência que controlam a vida humana, mas sim as forças do
inconsciente que ele desconhece e tão pouco controla.
Sigmund Freud
desenvolveu um novo conceito de ser humano, um ser humano dominado desde o
nascimento por pulsões, sobretudo de carácter sexual, vivendo conflitos intrapsíquicos
que se manifestam no comportamento do nosso quotidiano. Reconheceu ainda a importância
da vida afetiva no desenvolvimento cognitivo e social, assim como na
personalidade do indivíduo, destacando a fase da infância como sendo a mais
importante.
Depois de ter
abandonado a hipnose como meio de explorar o inconsciente, cria o seu próprio
método, o método psicanalítico.
O método
psicanalítico é um método de investigação dos processos mentais inconscientes
da vida psíquica e é ainda um método terapêutico de certas neuroses (depressões
crónicas, bipolaridade, esquizofrenia, perturbação da dieta alimentar, fobias,
...).
Atualmente é
considerado como um conjunto de técnicas aplicadas no domínio da psicologia
clínica e da medicina psiquiátrica.
Algumas dessas
técnicas inovadoras são:
Associação de
ideias – o analisado é convidado a falar sobre si e o psicanalista procura que,
por associação de ideias, o analisado vá ultrapassando a resistência e
bloqueios, normalmente ao nível das recordações da sua infância.
Interpretação dos
sonhos – o psicanalista pede ao analisado que lhe relate os seus sonhos. Segundo
Freud, o sonho seria a realização simbólica de desejos recalcados (“Sonho, a ‘via régia’ de
acesso ao inconsciente”). Nesta técnica é analisado o conteúdo manifesto sonho,
que corresponde ao que o paciente recorda do sonho, e o conteúdo latente, que
corresponde aos desejos, medos e aos recalcamentos que estão subjacentes ao sonho.
Os sonhos têm um significado simbólico que cabe ao analista dar-lhe um sentido,
interpretando esses sonhos.
Análise da
transferência – a transferência é um processo em que o analisado transfere para
o psicanalista os sentimentos de amor/ódio vividos na infância, sobretudo
relativamente aos pais.
Análise dos atos
falhados – o psicanalista procura interpretar os esquecimentos, lapsos e erros
de linguagem, leitura ou audição do analisado. Segundo Freud, estes erros involuntários
manifestariam desejos recalcados no inconsciente e que surgiriam na vida
quotidiana. Na obra A Psicopatologia da Vida Quotidiana, Freud dedica-se ao
estudo destes lapsos.
O tratamento e investigação
da neurose assentam na ‘cura pela fala' onde o psicanalista analisa o discurso,
as emoções e as recordações do paciente. Para isso deve haver uma relação
afetiva entre o terapeuta e o paciente, o paciente deve confiar no terapeuta.
A cura não é
possível porém com acompanhamento médico o paciente consegue ter mais controlo
sobre a situação que o atormenta e consegue viver uma vida ‘normal'.
Ana Coelho nº4